Draminhas femininos

06:51 @Tiabetok 4 Comentários


Primeiro a organização, em seguida os comentários, os convites e as combinações para a chegada. Mas nada é tão sacrificante para uma mulher quanto escolher a roupa certa, para o evento certo. A certeza é variável.

           Tomo um banho bem demorado de banheira. Alguns sais, um vinho tinto, ao som de Back for tha attack do dokken. Aliás, muito boa essa banda, deveria ouvir mais vezes em outros banhos demorados enquanto o mundo explode lá fora.
Saio da banheira, enrolo-me no roupão, ando, não, danço em direção ao quarto; o vinho acabou, o disco não; abro o closet, oh céus, o closet! Cabides e cabides de roupas que forçam a personalidade feminina. Do floral ao xadrez, do amarelo ao preto. Do longo ao micro. Meia, meia calça, calça e meia, meia blusa, meio eu meio a artista de TV.

           Todos estarão lá. Os ex PAQUERAS , ex pretendentes, ex colegas, ex ex, os futuros paqueras, os futuros casos, o próximo namorado junto com o antigo. O antigo. O primeiro! O passado que não passa, não em mim. e a roupa. Com que roupa? E a dúvida de para quem estou me arrumando? Para o ex? para o próximo? Para mim? oh, céus, o closet parece pequeno diante das minhas dúvidas de mulher  fútil.

             Se me arrumo para o ex, que conhece bem minhas formas e eu conheço bem o seu gosto, opto pelo vermelho provocante e apaixonante, difícil de resistir. Um bom decote ou costas nuas, pernas amostras e um belo salto para alongá-las. Uma maquiagem escura nos olhos, acompanhada dos cílios postiços. O cabelo solto. Tudo ao melhor estilo Jéssica Habit. O coração dele dispara. Seus olhos e de seus amigos me guiando por onde eu passar. Ele explode de raiva por dentro quando alguém ao seu lado faz o comentário – O que você tinha na cabeça quando a deixou? Ele vai embora. Eu vou embora – porém realizada.

              Se me arrumo para o próximo, que não sei quem é, o que pensa e nem o que gosta;  opto pelo pretinho básico nada básico. Algo classiquinho romântico. O bom colar de pérolas, falsas claro, tão falsas quanto a imagem de alguém pode ser, meia calças, scarpin, cabelo preso e uma boa tiara. Uma imitação de Audrey Hepburn, versão balada. Talvez uma calcinha bem sexy. Nunca se sabe o que acontece no primeiro encontro – isso se for o primeiro. Ele olha, se interessa. Aproxima-se, oferece um drink . Tem um bom papo e um beijo maravilhoso. Ele vai embora. Eu vou embora – vamos juntos.

            Se me arrumo para mim, que já pensei em todas as combinações possíveis e impossíveis para os metros e metros de tecidos que ali estão. Escolho o casual confortável. Que não chama a atenção de ninguém, nem mesmo a minha. O básico calça e camisa e sandália e coque e maquiagem apagada. O mais real possível. Realidade é avessa a aparência.

          Opto por arrumar-me para mim: coloco o pijama de bolinhas e meu par de meias favorito, acendo um cigarro, coloco mais vinho. Troco o disco que aquele acabou faz tempo, quem sabe Cinderella ou Poison; não; vou ver Highlander!

- Não vou pirar por causa de uma festa. Todos irão. Não sentirão minha falta.

4 comentários:

  1. Apenas uma coisa: ser mulher é difícil.
    Todas mulheres são dramáticas, mas não são todas que demonstram isso. Você escreveu perfeitamente a realidade das mulheres... Eu me arrumo para mim mesma, mas penso sim no que o atual irá pensar. Mas a minha opinião é mais importante.
    Olhei seus posts e adorei. Tô seguindo. <3
    Um beijo.

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  2. Lendo esse texto fiquei imaginando como deve ser incrível o ritual de se arrumar numa casa imensa, com banheira e sais, espaço suficiente pra tudo ser colocado no lugar e ficar impecável. Imaginei um closet amplo pras várias opções de roupas ficaram muito bem expostas... Ai, ai.


    Beijos
    Brilho de Aluguel

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  3. Realmente me vi nesse texto. Tantas dúvidas sobre algo que muitas vezes nem é pra gente, é só para aparecermos para os outros... E que mulher nunca se viu desesperada pensando em que roupa usar na festa??? haha.

    Beijos da Bru <3

    http://multidaodepensamentos.blogspot.com.br/

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  4. nossa a forma como vc passou da menina se arrumando, e tudo mais foi ótima. Uma realidade entre as mulheres que as vezes a gente mesmo esconde de nós mesmas.
    http://www.teoremademari.com.br/

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